Em artigo recente, falei sobre a mais nova tendência corporativa, representada pelos programas de compliance. Gostaria, hoje, de falar sobre uma característica essencial deste gênero de programas, muitas vezes ignorada pelo mundo empresarial: a cultura de cumprimento.
Para que este objetivo possa ser alcançado, porém, é preciso um comprometimento forte dos executivos mais graduados da empresa com o estabelecimento de uma postura ética no seio da corporação. É o chamado “Tom que vem de cima” (Tone from the Top). Em que pese outros projetos corporativos possam ser implementados sem que os níveis superiores da empresa estejam participando diretamente, essa premissa definitivamente não se aplica ao compliance.
Se ele não for iniciado pelas camadas mais altas da empresa, estará fadado ao fracasso, pois se nem os dirigentes se comprometerem em assumir direta e visivelmente o seu apoio ao programa, uma cultura de cumprimento jamais será instaurada. O fomento de uma cultura empresarial de respeito à legalidade, portanto, se mostra como o primeiro fundamento de um programa de compliance, sendo necessário, para atingir esse fim, de um suporte direto da direção da empresa tanto ao programa propriamente dito, quanto aos funcionários responsáveis por executá-lo.
Eduardo Lemos L. de Albuquerque
Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco e sócio do escritório Rigueira, Amorim, Caribé, Caúla & Leitão, com atuação exclusiva nas áreas criminal, compliance e investigações. É autor do livro Compliance e Crime Corporativo.
Publicado em: 23/11/2018 03:00 Atualizado em: 25/11/2018 21:07
Diário de Pernambuco